Com a crise económica associada ao Covid-19, a fragilidade das cadeias de distribuição do sistema económico global tornaram-se mais evidentes. No link seguinte podemos verificar que a reversão do processo de globalização já está em curso há alguns anos, e a crise com o vírus só vem acelerá-lo.
https://voxeu.org/article/pandemic-adds-momentum-deglobalisation-trend
Qualquer sistema socioeconómico tem um conjunto de ideias, instituições e interesses associados, que há que ter em consideração.
Para aprofundar a abordagem ao tema da globalização, favor de ver o seguinte artigo na revista Forbes de 2015, com os argumentos a favor e contra:
https://www.forbes.com/sites/mikecollins/2015/05/06/the-pros-and-cons-of-globalization/#3341bba5ccce
A ideia “benigna” da teoria por detrás do processo de globalização apresenta a seguinte narrativa: “o comércio livre beneficia países ricos e pobres, elevando o nível de vida, com os consumidores na Europa e nos EUA a terem acesso a bens mais baratos, produzidos a milhares de quilómetros em países menos desenvolvidos, criando emprego e reduzindo a pobreza. Com menos barreiras comerciais, maior seria a expansão das multinacionais e os ganhos económicos, enquanto que a cooperação política internacional iria florescer”.
As instituições que implementam estas ideias são o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio. Aquando dos empréstimos a países, o FMI coloca como condição a redução de obstáculos ao comércio, como a redução de tarifas e um pacote de privatizações, por exemplo. Tudo em nome da boa governança.
https://www.imf.org/external/pubs/ft/exrp/govern/govindex.htm
No campo dos interesses, os detentores de capital (os beneficiários permanentes) defendem a globalização porque podem escolher os territórios onde podem realizar os seus “investimentos” com as melhores condições, passando por reduções de impostos ou subsídios por parte dos governos, salários mais baixos, regulamentação ambiental menos exigente ou inexistente. A acumulação de poder económico permite influenciar o sistema político, pautar a discussão no mundo académico, nos media, etc.
Uma análise profunda ao processo histórico de expansão económico, tentando encontrar razões para a existência de nações ricas e outras pobres, pode ser vista em:
Existem caminhos diferentes a seguir? Com uma economia pensada e estruturada para todos e dentro dos limites do sistema ecológico da Terra? Claro que sim…
Para desenhar e planear um sistema económico diferente, não podemos recorrer a escalas muito grandes, com conceitos abstractos. Por outro lado criar um sistema no nosso “quintal” não terá também muito impacto no mundo real. O planeamento mais viável está na escala das BioRegiões.
Para explorar o conceito de Bioregião e a sua praticidade favor ver:
Em Prout existe o conceito de unidade socioeconómica, ou Samaj em Sânscrito, que é a materialização de um esforço colectivo em criar uma comunidade local forte e resiliente, construída em fortes sentimentos de solidariedade e de identidade própria. Semelhante às Bioregiões, o seu propósito é facilitar um desenvolvimento colaborativo, em direção a uma economia descentralizada, onde estas unidades são economicamente independentes e resilientes. Claro que continuam a ser guiadas por orientações e legislação nacional ou federal, mas devem ter os seus próprios planos de desenvolvimento económico.
Com o objectivo de alcançar a máxima utilização dos recursos locais, a edificação destas unidades permitirão que o comércio entre elas seja mais equilibrado e com benefícios mútuos para os intervenientes.
Boas leituras, excelente visão, inspiração e ação
Francisco Dinis