É com o intuito de pensar num futuro novo para a àrea da Cova da Beira que o PRIP se propôs a lançar esta iniciativa de estudo e planeamento. Baseado na teoria de utilização progressiva, procuramos encontrar acções progressivas e resilientes que sirvam como soluções práticas para os problemas sociais e económicos vividos pela população. A nossa visão de um Portugal próspero, justo e que primora pelo bem social, prende-se necessariamente com o desenvolvimento equilibrado de todas as regiões do nosso país. Desta forma, este estudo visa apresentar soluções concretas e práticas para uma destas regiões, uma das mais fustigadas pelas perenes crises do sistema actual.
Urge fomentar um clima de esperança para todos. O Covid-19 veio mostrar a fragilidade do nosso sistema económico baseado no comércio global. O capitalismo desenfreado vivido hoje nas sociedades de grande parte do planeta, cujo objectivo é alimentar o lucro de muito poucos já não serve à nossa sociedade. Baseado numa filosofia mercantilista, e resultante do pensamento de países imperialistas do século XVIII, o capitalismo surgiu em circunstâncias que não se aplicam actualmente. O século XXI precisa de novas ideias, de uma nova filosofia, de numa nova forma de reger a vivência económica da sociedade. Prout, com a sua aposta na democracia económica, economia tripartida e o desenvolvimento de bioregiões responde a muitas das fragilidades estruturais do capitalismo, oferecendo conceitos ousados que se propõem a proporcionar condições de vida dignas a todos os cidadãos.
Escolhemos a Cova da Beira, que abrange os concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, para este estudo. É uma região empobrecida do interior do país, envelhecida, cujo rendimento médio mensal por habitante é bem inferior à média nacional (853 euros por habitante) e apresentando fracos índices de competitividade a nível nacional. Apresenta no entanto inúmeros recursos subaproveitados; com um dos mais elevados índices de qualidade ambiental (associadas às pressões exercidas sobre o meio ambiente e território) é delimitada por duas serras, que apresenta recursos de desenvolvimento único, com características geográficas e culturais suas. Este facto permite-nos pensar em soluções de desenvolvimento autênticas à região, aproveitando as suas potencialidades, que porventura não se aplicam a outras regiões. Acreditamos na autodeterminação regional, na supremacia do povo, e na capacidade das suas gentes. Assim, este estudo aposta em criar um plano de desenvolvimento em cooperação com a população.
Durante este clima de instabilidade, é imperativo pensar em alternativas que nos permitam ser mais resilientes, que nos permitam criar sistemas que sirvam o cidadão. É com o interesse do cidadão em primeiro lugar que baseamos esta iniciativa. Durante este estudo, ofereceremos diversas oportunidades a todos os que quiserem fazer parte deste processo.
Objectivos:
O objectivo central deste projecto é criar um plano de desenvolvimento integral para a Cova da Beira, que utilize e potencie de forma progressiva os recursos autoctones à região, tanto humanos como naturais, e que permita desenvolver acções concretas para alimentar a ecónomia local e aumentar o nível e qualidade de vida da população. Um projecto ambicioso, mas necessário. Durante anos, o interior do país viu-se flagelado por políticas não-conducentes ao bem estar. Chegou a hora do povo traçar o seu próprio destino, agarrando as rédeas do que é seu e trilhando um futuro que afinal é seu por direito. Uma região resiliente e auto-determinada, proporcionando uma vida desafogada para todos, com suficientes oportunidades de emprego, e amplo espaço para desenvolvimento pessoal está nas mãos de todos, colectivamente. No esforço colaborativo e na coordenação jaz o segredo para um futuro sustentável e resiliente, justo e benevolente. O PRIP propõem-se a ser um catalizador para esse futuro.
Metodologia:
A nossa metodologia de trabalho é inspirada nos mesmos valores com que envisionamos a sociedade, cooperante, onde os cidadãos se juntam para debater e criar soluções para os seus problemas. Este estudo foca-se primariamente em ouvir a população, conhecer o que a aflige, o que a inspira, os seus recursos e talentos; um processo imersivo que nos permitirá empatizar com os locais e gerar soluções baseadas nas suas vontades. Começaremos então o processo como estudantes e, sem pretensão de conhecimento, iremos simplesmente ouvir. Ouvir as pessoas, mas também as estatísticas, os especialistas, os governos, e as instituições locais que nos fornecerão uma percepção muito abrangente da realidade social, económica e política da Cova da Beira. De seguida, criaremos um plano de desenvolvimento económico e social para região. Em eventos organizados pelo PRIP, convidaremos a população e especialistas a participar em tertúlias e debates com a principal propósito gerar ideias para o futuro e ferramentas práticas para que esses projectos saltem do papel para a realidade. Envolver todos os membros da sociedade vai-nos permitir criar um projecto de todos para todos, verdadeiramente democrático, alicerçado nas necessidades e potencialidades reais da população. Elaboraremos um relatório com base nos resultados da investigação, um modelo de desenvolvimento para o futuro da região, com inciativas e propostas feitas à medida da região. Por fim, procuraremos mediatizar o estudo, torná-lo público e apresentá-lo aos vários orgãos de poder local e às instituições. Uma nova visão para a Cova da Beira.